Em 2011, o Parque Indígena do Xíngu está fazendo 50 anos. Sem dúvida, é um dos maiores patrimônios do Brasil. E nós, brasileiros, não temos a menor ideia do que ele representa e do que está protegido ali. Abriga povos de cultura riquíssima e filosofia milenar, que vivem em equilíbrio, presenvando seu modo de vida, sua dignidade, sua cultura e vasta sabedoria, sempre em sintonia com a natureza exuberante. Um verdadeiro santuário social, ambiental e histórico no coração do Brasil.
O que está sendo protegido ali é o futuro, pois é um novo paradígma de como o ser humano pode e deve viver.
No Xingu, progresso tem outro significado. Homens e mulheres não vivem como donos do mundo, não foram criados com essa arrogância. Vivem como parte da cadeia de vida do planeta, e essa cadeia é interligada e interdependente.
Mas a megausina de Belo Monte quer represar o Rio Xingu - o rio que é a alma e a base da vida das comunidades indígenas da região. Um golpe baixo, em nome do progesso, que tem levado o mundo ao colapso social e ambiental. É isso que queremos?
Carlos Império Hamburguer,
diretor de cinema e televisão. Atualmente finaliza o filme Xingu,
sobre a criação do Parque Indígena do Xingu.
Fonte: revista mundo jovem, nº 417 - Jun 2011 , pag. 23.